terça-feira, 30 de setembro de 2008

desenredo em conta-gotas
















perdoe-se.
aceita sua condição deserta inóspita para honrar regar as plantas em conta-gotas. nó desenrola-se às lágrimas em rolo de lã aumentado, na torção de braços e pernas em preparação para o desequilíbrio. valoriza o desequilíbrio como momento de loucura - desvia. e aguenta em tronco. desabará como que por serra elétrica: a reprovação é força de vontade rasgada. cíclica no eterno retorno desatado em sina. a condição de ser o que se é e o desespero de enxergar-se de fora com olhos de consciência alheia, escamoteada em enredo com princípio, meio e fim. "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".

foto: fernando de noronha, 2006

sábado, 27 de setembro de 2008

à cubana



El alma lúgrube grita:
"!Mujer, maldita mujer!"
!No sé yo quién pueda ser
entre las dos la maldita!


poema: josé martí, 1891
vídeo: havana, 2007

terça-feira, 23 de setembro de 2008

seguidora de Pollock em peregrinação a Macondo
















vai!
corre e destrói
mas não olha atrás
há um rastro de raiva sorrindo
prestes a nascer

claire na hora de almoço

Deus sabe o que faz quando traz a primavera

domingo, 21 de setembro de 2008

amargarida















criança, sonhei que tinha margaridas na barriga. brotavam de terra sobre estômago. eram muitas e brancas e ainda hoje me arrepiam os braços.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

dia sim, dia não

Dia sim, dia não, acordava e regava as plantas. Sentia-se viva naquele ato. Via na simplicidade o inteiro. Entregava-se à casa de areia que erguera sobre a cegueira. Preferiu fechar os olhos a aprender que cada folha tem seu tempo. Mecânica, reconheceu-se vazia quando percebeu do alto que seus vasos sumiam na mata. E que só as palmeiras imperiais chegam perto do céu. Seca, rasgou, furou, amarelou, quebrou...Acordou no dia não e lembrou que graveto é bom para fazer fogueira.