domingo, 12 de outubro de 2008

Senhora

aqui estou novamente
em meu berço preferido
arrancando com cuidado
pele dos lábios
descamando cutícula
futucando ferida
inventando razões
sorteando anfitriões
dormi acordada
na vigília
aceitei sem hesitar minha sentença
e embarquei no primeiro apito
o primeiro ato de uma
navelouca rede moinho.
veneno que paralisa
é medo correndo solto
antídoto fracasso.
visgo de sapo, poça de piche
é tudo buraco negro.
soterra no caos das vaidades
de aforismos jurados de verdade
falsa modéstia vertiginosa
arranha até queimar minha voz
por ora não vou te mandar embora
estás convidada a ficar,
tristeza senhora.

6 comentários:

pat werner disse...

cá estou eu
áspera de cor
trancada no
humor perdido
porque hoje
é domingo.

omnia in uno disse...

a tristeza é sem hora

invade
(uma vontade
de ter sido
e não ser
sendo)
caudalosa
e seca tudo
até o vapor
umedecer
as águas

Clara Cavour disse...

é isso. sem hora. seca tudo até umedecer.

Anônimo disse...

flagelo de ser só unha sem roedor!

p. disse...

o final dela ta high light legal

Unknown disse...

adorei "visgo de sapo, poça de piche". adoro imagens que só existem aqui dentro.