f: você me cresce.
m: você me sabe.
f: você me encaixa.
m: você me acha.
f: você me acontece.
m: você me nada.
caderno de afetos
segunda-feira, 7 de junho de 2010
à Laura
L,
escrevo para dar as notícias que me pediu.
Andei por fora, aprendendo a ocupar cada lugar que é meu. Estive no Central Park de bicicleta. Lá senti frio nas mãos como nunca. Percebi que lã é como o amor. Precisei muito dela.
Também aprendi a dançar. Foi quando reparei que meu pé pisando no chão era novo. Ensaiei passos no espelho: saias suspensas nos joelhos, dedos primeiro, calcanhar depois. Ri à toa.escrevo para dar as notícias que me pediu.
Andei por fora, aprendendo a ocupar cada lugar que é meu. Estive no Central Park de bicicleta. Lá senti frio nas mãos como nunca. Percebi que lã é como o amor. Precisei muito dela.
Passei por poucas e boas aqui no meu quarto. Mas veja só, o pior agora é a fresta de luz que me acorda todos os dias. Bordo uma cortina faz um ano, mas estou ocupada demais para a vida doméstica. Ando pensando em mudar coisas de lugar. Talvez as cores não sejam estas. Elas se confundem demais com o cheiro úmido da montanha. Preciso ocupá-las para tirar o mofo.
A vida afora corre veloz e me espanta. Não dou conta dos convites que chegam pelo correio. Outro dia abri uma carta errada e agradeci. Menos uma. Gosto do que me mantém aqui. Por isso comprei flores. Sei de sua preferência por plantas a flores. Mas as flores me lembram mais rapidamente que a vida é curta. Elas murcham quando as esqueço. E não estou podendo esquecer: preciso de vida lembrando que é preciso regar.
Com carinho,
C.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
autoconhecimento 2
o ar
traz tanta coisa
que só
respirando
para sentir.
e eu,
que faltava
respirar,
descobri
que ainda
não nasci.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
autoconhecimento
A flor da pele
a epiderme, a derme
e o que vem depois dela. O corpo dentro, alma, eu infinito.
A casca que descasca tem outra embaixo.
A nova. Ela também vai des.
Descobri o que tem embaixo.
Embaixo ainda é nova.
E velha: a flor da pele.
Ave fosse, estaria trocando penas
para voar.
a epiderme, a derme
e o que vem depois dela. O corpo dentro, alma, eu infinito.
A casca que descasca tem outra embaixo.
A nova. Ela também vai des.
Descobri o que tem embaixo.
Embaixo ainda é nova.
E velha: a flor da pele.
Ave fosse, estaria trocando penas
para voar.
quarta-feira, 4 de março de 2009
o velho
o sambar tímido
dos dedos
do motorista
contra minha cólica
de suor frio.
a velhice deve ser
quebradiça,
meus póros
não a imaginam
dos dedos
do motorista
contra minha cólica
de suor frio.
a velhice deve ser
quebradiça,
meus póros
não a imaginam
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
falta II
vou derrubar as paredes explodir o teto abrir uma janela bem
aqui no meio. cansei de empilhar sonhos e andar de joelhos.
aqui no meio. cansei de empilhar sonhos e andar de joelhos.
domingo, 16 de novembro de 2008
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Me perdoa, Luther?
Eu tenho um sonho, correr o Quênia e shootar Butão
Eu tenho um sonho, tocar a mão
Eu tenho um sonho, dormir agora e acordar em dezembro
Eu tenho um sonho, receber um aumento
Eu tenho um sonho, Chicago now
Eu tenho um sonho, vkrasana tomorrow
Eu tenho um sonho, e vocês estão comigo
Eu tenho um sonho que rima com ré
Eu tenho um sonho que não tenho fome
Eu tenho um sonho que é de seda
Eu tenho um sonho que eu não lembro
Eu tenho um sonho que eu te esqueço
Eu tenho um sonho pesadelo
Eu tenho um sonho americano
Eu tenho um sonho angolano
Eu tenho um sonho que vou escrever quando acordar
Eu tenho um sonho que a vida vai demorar
Eu tenho um sonho, tocar a mão
Eu tenho um sonho, dormir agora e acordar em dezembro
Eu tenho um sonho, receber um aumento
Eu tenho um sonho, Chicago now
Eu tenho um sonho, vkrasana tomorrow
Eu tenho um sonho, e vocês estão comigo
Eu tenho um sonho que rima com ré
Eu tenho um sonho que não tenho fome
Eu tenho um sonho que é de seda
Eu tenho um sonho que eu não lembro
Eu tenho um sonho que eu te esqueço
Eu tenho um sonho pesadelo
Eu tenho um sonho americano
Eu tenho um sonho angolano
Eu tenho um sonho que vou escrever quando acordar
Eu tenho um sonho que a vida vai demorar
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
domingo, 2 de novembro de 2008
compose
compose
....................... wall
............................ in blank
....................................... black
....................................... cause
......... I read
............. the news
today
....................... wall
............................ in blank
....................................... black
....................................... cause
......... I read
............. the news
today
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
cinco e doze
o dia se demora
quando se está
fora de lugar
me doso de café
para apressar
acho que ando
com pressa
falo muito dela
anseio de si
fora daqui
me aconselha assim:
é preciso dosar,
é preciso dosar.
quando se está
fora de lugar
me doso de café
para apressar
acho que ando
com pressa
falo muito dela
anseio de si
fora daqui
me aconselha assim:
é preciso dosar,
é preciso dosar.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
domingo, 19 de outubro de 2008
sábado, 18 de outubro de 2008
Escapulário
Trava-língua
não travo mais trégua triste por um triz de língua
express ão de ser minhas ex-posições.
express ão de ser minhas ex-posições.
domingo, 12 de outubro de 2008
Senhora
aqui estou novamente
em meu berço preferido
arrancando com cuidado
pele dos lábios
descamando cutícula
futucando ferida
inventando razões
sorteando anfitriões
dormi acordada
na vigília
aceitei sem hesitar minha sentença
e embarquei no primeiro apito
o primeiro ato de uma
navelouca rede moinho.
veneno que paralisa
é medo correndo solto
antídoto fracasso.
visgo de sapo, poça de piche
é tudo buraco negro.
soterra no caos das vaidades
de aforismos jurados de verdade
falsa modéstia vertiginosa
arranha até queimar minha voz
por ora não vou te mandar embora
estás convidada a ficar,
tristeza senhora.
em meu berço preferido
arrancando com cuidado
pele dos lábios
descamando cutícula
futucando ferida
inventando razões
sorteando anfitriões
dormi acordada
na vigília
aceitei sem hesitar minha sentença
e embarquei no primeiro apito
o primeiro ato de uma
navelouca rede moinho.
veneno que paralisa
é medo correndo solto
antídoto fracasso.
visgo de sapo, poça de piche
é tudo buraco negro.
soterra no caos das vaidades
de aforismos jurados de verdade
falsa modéstia vertiginosa
arranha até queimar minha voz
por ora não vou te mandar embora
estás convidada a ficar,
tristeza senhora.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
domingo, 5 de outubro de 2008
feminino
para menta e amêndoa
caminhos em passos largos
mais velozes que calendário
movimento gera
movimento.
física pura, comenta.
inércia é a de quem rodopia na mesmice tentadora
mais vale o mito castrado
masculino fraco
pra ver
o dia amanhecer
caminhos em passos largos
mais velozes que calendário
movimento gera
movimento.
física pura, comenta.
inércia é a de quem rodopia na mesmice tentadora
mais vale o mito castrado
masculino fraco
pra ver
o dia amanhecer
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
terça-feira, 30 de setembro de 2008
desenredo em conta-gotas
perdoe-se.
aceita sua condição deserta inóspita para honrar regar as plantas em conta-gotas. nó desenrola-se às lágrimas em rolo de lã aumentado, na torção de braços e pernas em preparação para o desequilíbrio. valoriza o desequilíbrio como momento de loucura - desvia. e aguenta em tronco. desabará como que por serra elétrica: a reprovação é força de vontade rasgada. cíclica no eterno retorno desatado em sina. a condição de ser o que se é e o desespero de enxergar-se de fora com olhos de consciência alheia, escamoteada em enredo com princípio, meio e fim. "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
foto: fernando de noronha, 2006
sábado, 27 de setembro de 2008
à cubana
El alma lúgrube grita:
"!Mujer, maldita mujer!"
!No sé yo quién pueda ser
entre las dos la maldita!
poema: josé martí, 1891
vídeo: havana, 2007
terça-feira, 23 de setembro de 2008
domingo, 21 de setembro de 2008
amargarida
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
dia sim, dia não
Dia sim, dia não, acordava e regava as plantas. Sentia-se viva naquele ato. Via na simplicidade o inteiro. Entregava-se à casa de areia que erguera sobre a cegueira. Preferiu fechar os olhos a aprender que cada folha tem seu tempo. Mecânica, reconheceu-se vazia quando percebeu do alto que seus vasos sumiam na mata. E que só as palmeiras imperiais chegam perto do céu. Seca, rasgou, furou, amarelou, quebrou...Acordou no dia não e lembrou que graveto é bom para fazer fogueira.
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